Da dúvida à parceria sagrada: como Deus usa sua fragilidade no ministério da oração
Feridas e dúvidas não são desqualificações para o ministério da oração — muitas vezes são o caminho pelo qual Deus nos ensina a nos associarmos a Ele na cura. A jornada da insegurança ao ministério capacitado pelo Espírito requer compreender que o ponto de referência na oração não somos nós mesmos, mas o Espírito de Deus agindo através de nós.
O milagre que desafiou minha crença
Durante meu trabalho missionário no Brasil, um momento transformador mudou minha compreensão do ministério de oração. Após uma reunião de seis horas na rua, onde centenas de pessoas se reuniram para ouvir o evangelho, nossa equipe entrou na casa da família anfitriã para um jantar tardio. Lá, notei que a filha adolescente deles usava uma bota ortopédica no pé quebrado.
O Espírito Santo me levou a orar por essa jovem. Com a permissão dela e de seus pais, ajoelhei-me ao lado dela e coloquei minhas mãos sobre seu pé ferido. O que aconteceu a seguir desafiou tudo o que eu acreditava sobre minhas limitações. Enquanto eu orava por seu pé, ela me deu um feedback:
“Parece quente, como se estivesse pegando fogo”, ela respondeu após a primeira oração.
Após continuar a orar, suas sensações mudaram: “Sinto frio, como se meu pé tivesse adormecido”. Finalmente, após uma terceira oração, ela exclamou: “Sinto que não consigo respirar!”
Quando perguntei se ela queria tentar andar, ela levantou-se sem hesitar, tirou a bota ortopédica e andou pela sala sem sentir dor alguma— os ossos quebrados estavam completamente curados!
Quando a cura encontra a dúvida
Na manhã seguinte, quando o pai da menina veio até nosso barco à beira da água, perguntei ansiosamente sobre o estado de saúde da filha. “Ela está bem, por que você pergunta?”, ele respondeu.
A resposta dele à minha pergunta revelou o meu medo: eu tinha duvidado que, de alguma forma, a cura não duraria. Essa dúvida provinha, em parte, da minha inexperiência e, em parte, do espanto de que Deus usasse alguém como eu. A dúvida e a incredulidade podem se tornar obstáculos significativos para experimentar o poder curativo de Deus, tanto para nós mesmos quanto no ministério para com os outros.
NT Wright explica que a verdadeira liberdade no Espírito é paradoxal: “Quanto mais o Espírito Santo está em ação, mais nossa vontade é estimulada a refletir sobre as coisas, a tomar decisões livres...”. Isso significa que nossas dúvidas e perguntas não são obstáculos para a obra de Deus, mas oportunidades para o Espírito aprofundar nossa confiança e refinar nosso entendimento.
O poder transformador do Pentecostes
Os próprios discípulos passaram por uma transformação radical por meio de sua experiência com o Espírito Santo no Pentecostes. Esse encontro os imbuiu de ousadia, honra, confiança, comunhão e contentamento. Sua perspectiva sobre o ministério e a missão mudou fundamentalmente, tanto como um evento único quanto de maneira contínua.
Gordon Fee enfatiza que a vinda do Espírito foi uma maneira pela qual Jesus cumpriu Sua promessa de estar presente com Seu povo. Essa promessa não era exclusiva para poucos, mas inclusiva, abrangendo todos os crentes. “Eles viviam de maneira diferente”, observa Fee, “e têm poder para fazê-lo porque são pessoas do Espírito”. Isso enfatiza que a obra do Espírito Santo é capacitar os crentes para trazer Seu Reino.
Paulo instruiu a igreja a participar ativamente e renovar regularmente seu relacionamento com o Espírito Santo. Em Gálatas 5, ele explicou que a liberdade genuína significa escolher consistentemente o Fruto do Espírito. Fee apontou que esse conceito vai além da santidade individual para demonstrar como vivemos em comunidade uns com os outros.
O Caminho para a Liberdade Através do Espírito
Existe um caminho claro para curar as mentiras, feridas e pecados em nossas vidas, para que possamos experimentar os frutos do Espírito manifestos em nossa vida cotidiana. O poder do Espírito Santo pode nos libertar das reações que fluem de nossas feridas, permitindo-nos agir e reagir de maneiras que promovam o Reino de Deus.
Quando as ações decorrem de feridas, elas entram em conflito com o que o Espírito deseja alcançar em nós e por meio de nós. A lista de Paulo em Gálatas 5:19-20 inclui uma frase, “coisas como estas”, o que significa que podemos incluir na lista coisas que se opõem à obra do Espírito em nossas vidas, incluindo nossa dor e nossas lutas quando elas sufocam a presença do Espírito. O fruto do Espírito — amor, alegria, paz, paciência, bondade, fidelidade, gentileza e autocontrole — oferece uma imagem representativa (não exaustiva) da vida marcada pela presença do Espírito.
A perspectiva de Wright esclarece essa transformação. Ele observou que a verdadeira liberdade é um dom do Espírito e o resultado da graça. A liberdade que temos no Espírito significa que podemos escolher se queremos permanecer em nossa ferida ou não. Essa liberdade nos confere autonomia sobre nossas emoções e reações, proporcionando-nos a capacidade consistente de nutrir a presença do Espírito Santo.
Escolhendo a realidade do Reino em vez da luta interior
Quando nos concentramos no que traz o Reino de Deus, em vez de nos fixarmos em comportamentos negativos específicos ou padrões de pensamento, ganhamos uma perspectiva diferente para examinar nossas lutas internas. Uma pergunta que podemos nos fazer é: “Experimentamos liberdade para escolher o que é certo?”
Liberdade significa ter controle sobre as emoções e reações em nossas vidas — a capacidade de convidar consistentemente a presença do Espírito Santo. Fee enfatiza esse ponto: “A natureza essencial do ‘fruto’ é a reprodução da vida de Cristo no crente e na comunidade crente”. Paulo encorajava consistentemente os cristãos a uma caminhada mais profunda, que incluía superar tudo o que impedisse a obra do Espírito Santo em nossas vidas. Andar no Espírito fornece o poder para avançar em nossa fé para o próximo nível.
Temos que tomar a decisão de abandonar as atitudes que vão contra o que o Espírito deseja realizar em nossas vidas. Quando confessamos que permitimos que outros nos definissem por meio dos pecados que cometeram contra nós, da maneira como nos feriram e das mentiras que nos contaram, começamos a quebrar o poder da vergonha, do medo e da raiva em nossas vidas.
Crescendo em eficácia no ministério de oração
As pessoas eficazes no ministério da oração normalmente demonstram três capacidades essenciais: elas podem experimentar a presença de Deus, ouvir a voz de Deus e administrar os momentos em que o Espírito Santo manifesta Sua presença. Não se trata de perfeição, mas sim de aprender a colaborar com o Espírito Santo, apesar de nossas limitações.
A percepção que obtive com minha experiência no Brasil continua a guiar meu ministério: Deus quer nos usar para ajudar outras pessoas por meio do ministério da oração, mas Ele também quer que percebamos que o ponto de referência para o ministério não é o eu, mas o Espírito de Deus. Assim como os discípulos duvidosos que Jesus convidou e comissionou para se juntarem a Ele no ministério, nossas feridas se tornam o lugar onde Deus demonstra Seu poder transformador.
Quando aceitamos que o Espírito age por meio de nossa fragilidade para trazer cura aos outros, entramos na liberdade descrita por Paulo: liberdade para seguir o Espírito Santo e liberdade para amar os outros por meio da orientação do Espírito, que pode criar um novo modo de vida.
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Este artigo faz parte de uma série de cinco partes sobre como cultivar um ministério de oração saudável. Juntos, esses posts traçam um caminho para aprender a ministrar a partir da integridade, em vez da ferida. Cada parte se baseia na anterior, oferecendo estruturas, insights práticos e passos práticos para experimentar o poder do Espírito Santo em sua vida cotidiana. Você encontrará links para posts anteriores da série abaixo.
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